terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Nauru - Já ouviu?

Quando li um artigo sobre a situação dos refugiados em Alemanha, achei um entrevista. A pessoa que estava entrevistando mencionou a ilha Nauru e que nós não gostaríamos produção um lugar assim.
Parei e pensei - Espera. Nauru, o que é isso?

Nauru é longe de tudo, 3000 quilômetros da Australia par exemplo. Não existe nada lá, só o calor do sol do equador - Não é um lugar para bebês, crianças, mulheres e homens que têm que ficar lá para um tempo indefinido - Só o governo da Australia força isso.
Os refugiados só mudavam de um lugar ruim, a pátria deles, para um lugar pior. E foram lá com o sonho duma vida melhor. Eles moram lá nos situações inaceitável e alguns tentam de se-suicidir. "I drank washing powder. I am so tired of all of this. " canta um jovem a notícias "The Guardian". Violência e ações sexuais acontecem cada dia.

O governo não concorda com as informações que foram publicado pelo "The Guardian" e outras pessoas que foram lá.

"United Nations" fala sobre tortura
 Quando o "United Nations" fez um visito, um jovem se pôr em fogo e morreu para mostrar a situação ruim.

Eu sempre achei que Australia é um país moderno e multicultural mas não é o caso atrás das paredes do Governo.


 https://www.youtube.com/watch?v=xNhRPVs4U6I

https://www.theguardian.com/news/series/nauru-files

domingo, 11 de dezembro de 2016

Vídeo mostra a reação de mulheres ao lerem leis sexistas pelo mundo

“No Singapura, estupro pelo marido é legalizado quando a esposa tem mais de 13 anos“. “No Egito, um homem recebe uma pena mais leve quando mata a mulher por suspeita de adultério“. “No Camarões o marido pode se opor ao trabalho de sua esposa caso ele interfira no seu casamento ou com os seus filhos”Não, isso não é um roteiro. É tudo realidade.

E como você mulher reagiria lendo uma dessas atrocidades diante das câmeras? A Global Citizen, uma comunidade de ativistas que têm a intenção de mudar o mundo, fez um vídeo da reação de mulheres ao se deparar com tais absurdos ainda chamados de lei.

A ação visa dar visibilidade a discussão de igualdade de gêneros assim como o empoderamento da mulher, além de acabar com tais leis. Com a hashtag #LeveltheLaw é possível compartilhar e se manter informado sobre estas ações. Uma delas é uma petição online que pode ser assinada aqui.



http://www.hypeness.com.br/2016/06/video-mostra-a-reacao-de-mulheres-ao-lerem-leis-sexistas-pelo-mundo/

domingo, 20 de novembro de 2016

‘Teste de imagens’ com profissionais de RH

Segundo dados do IBGE, 82,6% dos negros afirmam que a cor da pele influencia nas oportunidades de trabalho. Uma realidade que se confirma em outros números: profissionais negros ganham em média 36% menos que os brancos, ocupam apenas 18% dos cargos de elite e são 60,6% dos desempregados. Entre os muitos fatores que mais contribuem para essas estatísticas, está o Racismo Institucional, problema que se manifesta quando instituições públicas ou privadas atuam de forma diferenciada em relação a uma pessoa por conta da sua origem étnica, cor ou cultura, privando-a de oportunidades profissionais e sociais diariamente.

Para chamar atenção para esse problema grave, o Governo do Paraná em parceria com a Assessoria Especial da Juventude e o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial, assinam a campanha “Teste de Imagem”, criada pela Master Comunicação. Nela, profissionais de RH reais foram convidados para um experimento.


Link do vídeo: https://www.facebook.com/governopr/videos/890716684362421/

Primeiro eles foram separados em dois grupos. Depois, um mediador mostrou ao grupo 1 imagens de pessoas brancas em situações comuns do dia-a-dia. Já o segundo grupo viu imagens com as mesmas situações, mas com pessoas negras. O resultado foi alarmante, a grande maioria das respostas dos RHs do segundo grupo, colocou os negros em posição social inferior à dos brancos, muitas vezes os descrevendo de maneira pejorativa. Isso que mostra que mesmo sem perceber, muita gente ainda comete atos de racismo.

Fonte: http://razoesparaacreditar.com/representatividade-2/teste-de-imagens-com-profissionais-de-rh-mostra-que-racismo-institucional-existe-sim/


Novembro preto

Ontem, dia 19 de novembro, na Cidade de Deus, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, a favela viveu mais uma Chacina após um dia inteiro de intenso tiroteio, durante uma "operação" policial. Na manhã deste domingo (20), no Brejo, região de mata, os moradores encontraram sete corpos de jovens da comunidade.

Os pais já denunciavam o desaparecimento dos filhos logo depois dos confrontos da tarde de sábado. Policiais de vários Batalhões participam do que os militares chamam de "operação pente fino". O que na prática representa dezenas de jovens pretos executados pela máquina de matar do Estado. Um dos jovens foi encontrado deitado de bruços, em uma evidente posição de que foi executado, disse o pai, Leonardo Martins.


Hoje, 20 de novembro, dia da consciência negra. Hoje, 20 de novembro, dia da consciência negra e ontem mais uma chacina aconteceu. Quem será que morreu?


"É fácil odiar bandido!
É fácil odiar polícia!
É fácil dizer que “bandido bom, é bandido morto 
É fácil dizer que “todo policial é ladrão” 
É fácil querer que favelado se dane 
É fácil torcer pra “acabar com os vermes” 
É fácil torcer pra “matar geral” 
Difícil é ver um filho virar policial!
Difícil é ver um filho virar bandido! 
Difícil é não saber se aqueles que noticiou no jornal como morto/ferido, é um dos seus! 
Difícil é ver um helicóptero caindo! 
Difícil é tomar na cara, chute, apanhar, ser esculachado(a) sem ter feito nada pra isso!
Difícil é não saber se o filho vai voltar vivo ou morto do plantão!
Difícil e não poder voltar pra casa, é ver sua casa invadida, revirada… 
Difícil é perder os amigos no meio da operação. 
Difícil é perder os amigos que só estavam no portão. 
O barco é um só! Sem lado A ou lado B!
Desde que nos alforriaram e nos deixaram somente a favela como única alternativa. 
O Sinhozinho saiu da casa grande e foi pro planalto, mas, continua sem vontade de solucionar e assistindo a nós mesmo a nos matar. 
E as fronteiras seguem abertas… 
A cidade É de DEUS!" 

Autora: Tainá Briggs

Fonte: https://www.facebook.com/midia1508/posts/348566292179794
Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/moradores-da-cidade-de-deus-encontram-corpos-desaparecidos-20506026

“474” e o imaginário coletivo

No dia 3/11 ao sair da faculdade me deparei com uma viatura da polícia, em frente ao pinel. Por mais normal que aquela situação parecesse, os próximos minutos mostraram algo igualmente “normal” porém com um significado forte e já historicamente associado em nossa sociedade.
Os policiais pararam um ônibus, não qualquer ônibus, mas o 474. Qualquer pessoa que ande de ônibus ou conheça um pouco sobre eles, no rio de janeiro, já ouviu pelo menos algo como “não pega o 474”, “tenho medo do 474”. Um ônibus que traz consigo um grande pavor para alguns, ou um meio de chegar em seu destino para outros, já foi nos últimos anos alvo de diversas blitz da polícia.
No tempo que me encontrei no ponto não tive como ver se os policiais tiraram alguém do ônibus (prática no mínimo comum e peculiar em blitz), contudo ao prosseguir no meu trajeto, e estar no último ponto antes de entrar no Túnel Santa Bárbara, eis que vejo outra blizt da polícia com ninguém menos do que outro 474 parado sendo revistado. Dessa vez pude ver quem foi tirado do ônibus. E as pessoas não eram ninguém menos do que garotos... novos... negros... sem blusa... e de chinelo.
Essa cena para qualquer morador do rio de janeiro pode parecer normal, corriqueira, e alguns até diriam uma “medida necessária”, mas ela representa de forma clara e lúcida os processos de criminalização e essa imagem tão temida dos delinquentes. Não temos como saber se aqueles jovens retirados cometeram algum delito naquele dia, mas podemos afirmar que a seletividade policial nesses momentos é assustadora, ao ponto de pararem dois (ou até mais) ônibus de uma linha de ônibus específica para retirar o mesmo perfil de indivíduo.
Nesses momentos tem muito mais em jogo que a simples “defesa social”. Tem a ver com a nossa história de criminalização, tem a ver com o mesmo perfil que é tomado como perigoso e que deve ser encarcerado (para muitos). Tem a ver com os processos de subjetividade que perpassam por esses garotos, que em um momento se veem tomados como inimigos da sociedade, pessoas que precisam ser temidas e que invariavelmente encontram seus direitos, como o direito de ir e vir, sendo questionado. Garotos que precisam cuidar pra onde andam, porque nenhum lugar parece pertencer a eles tirando atrás das grades. 

sábado, 19 de novembro de 2016

Documentário sobre o real sistema penitenciário nos EUA

O documentário "A 13ª Emenda" dirigido por Ava DuVernay está disponível no Netflix e apresenta brilhantemente temas como mecanismo interno dos presídios, criminalização da população negra, influência da mídia, direitos humanos e política de "guerra às drogas" nos EUA. 



terça-feira, 8 de novembro de 2016

Suspeita sobre PMs cresce em caso de jovens encontrados mortos em SP

"O "de
"O encontro de cinco corpos em uma mata de Mogi das Cruzes(Grande SP) reforçou as suspeitas do envolvimento de policiais militares na chacina de jovens da zona leste da capital paulista. 
Embora ainda falte a confirmação científica da identidade de 3 dos 5 mortos, policiais e familiares já dão como certo que os corpos achados em uma área rural são dos rapazes desaparecidos desde 21 de outubro, quando saíram de carro para ir a uma festa em Ribeirão Pires, no ABC. [...]
Na área onde os corpos foram encontrados, perto de uma estrada de terra, foram localizadas cápsulas de pistola calibre .40, que é utilizada pela polícia nas ruas. [...]
Com idades entre 16 e 30 anos, os rapazes, um deles cadeirante, sumiram no caminho da festa em que encontrariam meninas conhecidas em rede social. O perfil das garotas, no entanto, também desapareceu da internet, colocando em dúvida a existência delas e da festa. 
Entre as últimas mensagens enviadas pelo grupo, segundo familiares, está uma que menciona suposta abordagem policial. "Ei, acabo de tomar um enquadro ali. Os polícia está me esculachando[sic]."
Parte dos jovens tinha antecedentes criminais. Havia rumores no bairro do suposto envolvimento de um deles na morte de um PM - fato não comprovado até hoje. O fato dos corpos estarem enterrados em uma mata, para dificultar a localização, é citado por investigadores como uma característica menos frequente em crimes cometidos por bandidos comuns. 
Dayane disse não ter dúvidas do envolvimento de policiais na morte dos jovens. Para ela, tudo foi uma emboscada de PMs para acertar contas com alguns dos jovens mortos." 

Todos negros, um deles cadeirante, um suposto envolvimento na morte de um PM baseado em rumores no bairro que não foi comprovado até hoje. 

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/11/1830296-suspeita-sobre-pms-cresce-em-caso-de-jovens-encontrados-mortos-em-sp.shtml 

Servidores invadem a Alerj e ocupam o Palácio Tiradentes

"Os servidores estaduais que protestam contra o pacote de medidas de cortes do governo do estados acabaram de invadir a Assembléia Legislativa. Os manifestantes já ocupam o Palácio Tiradentes. [...]
A maioria dos manifestantes é da área da segurança pública, como funcionários do sistema penal, bombeiro, policiais civis e militares. além de aposentados e pensionistas."



Link da notícia:
 http://extra.globo.com/noticias/extra-extra/servidores-invadem-alerj-ocupam-palacio-tiradentes-20431635.html#ixzz4PS3Hn0aQ

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Detentos de hospital psiquiátrico penal no RJ sofrem sem remédios

Homens e mulheres com doença mental ou dependentes químicos internados no Hospital Penal Psiquiátrico Roberto Medeiros, no Complexo de Gericinó, sofrem com a falta de medicamentos. Essas pessoas, que estão cumprindo pena ou esperando julgamento, precisam tomar remédios de uso controlado diariamente, mas na unidade o estoque está zerado. Sem serem medicados, muitos não podem ser julgados, vários entram em surto e pelo menos um deles já morreu. "

(...)

A gente constatou que existe falta de medicamentos, que os médicos da unidade prescrevem e que o almoxarifado informa não ter. A falta da medicação põe em risco essa pessoa e as demais que estão lá. Mas não tem falta de dinheiro, que está disponível hoje", diz o defensor público Marlon Barcellos.

Quando as cadeias precisam de remédios, o pouco que chega vem do estoque do SUS - que deveria abastecer os hospitais públicos - ou de "vaquinhas" feitas pelos próprios funcionários das unidades. "É importante que o dinheiro reservado para a Seap seja utilizado, para que o estado não seja obrigado a cobrir essa falta desviando medicamentos das unidades de atenção básica e dos hospitais ", explica Samantha Monteiro, defensora do Núcleo de Fazenda Pública.

Sem a medicação, muitos dos internos entram em surto e são postos no isolamento. "É comum que essas pessoas sejam postas em isolamento, é o que a unidade dispõe para tentar resguardar a segurança delas mesmas, só que chega a um ponto em que existe mais de uma pessoa em isolamento numa mesma cela, talvez três, quatro pessoas juntas num setor de isolamento, sem medicamento", explica Marlon Barcellos.

Atualmente, 127 pessoas estão presas no hospital. A maioria cometeu crimes por causa da condição mental, mas outras ficaram doentes na cadeia. São detentos com problemas mentais graves, que mataram ou estupraram; e também pessoas que cometeram delitos considerados menos graves, mas que precisam do remédio diário.

(...)

Em nota, a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) informou que um processo emergencial de compra de remédios está em fase de conclusão e que recebeu uma doação de 230 mil comprimidos psicotrópicos, que já foram distribuídos para as unidades psiquiátricas.

Link da notícia: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/11/detentos-de-hospital-penal-psiquiatrico-sofrem-sem-remedios.html?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_content=rjtv

Reunião do Núcleo da Luta Antimanicomial do RJ

Nesta quarta feira (09/11) o Núcleo Estadual do Movimento da Luta Antimanicomial do Rio de Janeiro (NEMLA/RJ) fará uma reunião e está convidando a todos.
A reunião será no CRESS RJ (Rua México, 41, 12º andar) de 18:30 às 21h.

Link do evento: https://www.facebook.com/events/1238933586178563/


domingo, 30 de outubro de 2016

Direitos Plurais em Perspectiva: sexualidade e violência

Vi esse evento no mural do IP e como muitxs podem passar direto distraídxs com preocupações na cabeça, estou divulgando ele aqui no Blog para caso alguém se interesse. Pareceu valer a pena! As inscrições são limitadas, então por isso venho com antecedência anunciá-lo aqui. Talvez nem mais com tanta antecedência assim, mas espero que não estejam esgotadas as vagas para participar.


Segue link do evento no facebook: https://www.facebook.com/events/669947473172176/

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Ni Una Menos. Vivas Nos Queremos!



Lucía Pérez, argentina de 16 anos foi mais uma vítima do feminicídio. Lucía foi drogada, estuprada até a morte e empalada, num dos crimes mais brutais já registrados na Argentina. O assassinato e estupro da adolescente causou grande comoção e reacendeu a luta contra o feminicídio, fazendo com que milhares de mulheres do país durante uma hora parassem suas atividades em uma greve que buscava repudiar a violência contra as mulheres.

Brasil, Chile, Peru e dezenas de outros países latinos americanos convocaram atos em solidariedade ao brutal feminicídio de Lucía Pérez e tantas outras mulheres que são mortas pelo machismo a cada novo dia, mas no mesmo dia em que essas grandes mobilizações tomaram as ruas de diversos países, o Brasil, que tem a taxa de feminicídios de 4,8 para 100 mil mulheres – a quinta maior no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) registrava mais um dado para sua estatística de violência contra a mulher: Uma moradora de São Gonçalo sofreu um estupro coletivo por 10 homens enquanto se divertia num bar, fazendo com que surgissem diversos comentários responsabilizando-a pela brutalidade do que lhe aconteceu.

Esse é um momento de grande mobilização, luta e união das mulheres para reivindicar medidas contra a violência machista no Brasil e no mundo.  “Por que só nos restou marchar? […] O abandono das mulheres. E é um abandono sem fronteiras. Desamparadas pelo Estado, só nos restou sair às ruas. Marchar, emudecer, vestir preto. Se na Polônia foi a lei de aborto, na Argentina, é o feminicídio. Entre nós, há uma lista extensa, pararíamos o país diariamente. É a falência dos serviços de aborto legal, a epidemia do vírus zika, o feminicídio, todos temas considerados delicados para uma crise política e econômica, mas viscerais à sobrevivência das mulheres. Por que só nos restou marchar?

Fonte: http://www.brasilpost.com.br/debora-diniz/mulheres-marcha-argentina_b_12554950.html?1476881767

Fonte: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/10/policia-investiga-estupro-coletivo-em-sao-goncalo-rj.html

Fonte: https://nacoesunidas.org/onu-feminicidio-brasil-quinto-maior-mundo-diretrizes-nacionais-buscam-solucao/

domingo, 16 de outubro de 2016

Preconceitos e suas consequências diárias

Quando viu que um passageiro duas fileiras à sua frente havia perdido a consciência e precisava de atendimento imediato, a obstetra e ginecologista americana Tamika Cross fez o que se espera de qualquer médico: imediatamente se prontificou a atende-lo. O que ela não esperava era esbarrar em uma doença mais difícil de curar do qualquer mal súbito:o preconceito.

Tamika é negra, e aparentemente não se encaixa na imagem que se imagina de um médico. Em um post no Facebook ela contou todo o ocorrido, em um vôo da companhia aérea Delta. Diante de um pedido de socorro da mulher do homem desacordado, Tamika se ofereceu para atende-lo imediatamente. Uma comissária de bordo, no entanto, primeiramente sequer considerou a oferta e, quando enfim compreendeu que se tratava de uma profissional para atende-lo, iniciou um verdadeiro interrogatório, como que para comprovar que se tratava de fato de uma médica.

Eu levantei minha mão para lhe chamar a atenção. Ela me disse: ‘ah, não, querida, abaixe sua mão, estamos procurando por um médico ou uma enfermeira ou alguém que possa atende-lo, não temos tempo de falar com você. Eu tentei lhe informar que eu sou médica, mas continuei a ser cortada com comentários condescendentes”, conta Tamika em seu post.

A cena continuou, enquanto o passageiro seguia necessitando de atendimento urgente. 

Ela disse: ‘ah, você é de fato médica?’”. Eu respondi que sim. Ela disse: “Deixa eu ver suas credenciais. Que tipo de médica você é? Onde você trabalha? Onde estava em Detroit? (Por favor, lembrem-se que o homem seguia precisando de ajuda e ela estava bloqueando o corredor impedindo que eu sequer ficasse em pé enquanto me bombardeava com perguntas”.

Outro médico ofereceu ajuda, que foi imediatamente aceita, sob a justificativa de que “ele tinha credenciais” – que evidentemente não foram mostradas em momento algum. Aparentemente o homem simplesmente “parecia” um médico, mais do que uma mulher negra. O paciente melhorou e ficou fora de perigo, e a comissária não só pediu imensas desculpas à médica como ofereceu milhas como uma indenização por seu lamentável comportamento.

Todo tipo de preconceito de fato torna-se responsável, direta ou indiretamente, por maus tratos e mortes em contextos diversos. Esse caso ilustra não só a absoluta ignorância mas também o perigo de se discriminar alguém por qualquer que seja o motivo – as consequências podem ser fatais.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Quarto de despejo

A literatura de Carolina Maria de Jesus: do ‘Quarto de despejo’ para o mundo

Livro revê trajetória da catadora de lixo, que completaria 100 anos em 2014, e a repercussão internacional de sua obra




























http://oglobo.globo.com/cultura/livros/a-literatura-de-carolina-maria-de-jesus-do-quarto-de-despejo-para-mundo-13843687

RIO - Para uma escritora que viveu rotulada como “mulher, negra e favelada”, mãe solteira sem muita escolaridade, que tinha nos lixões do entorno da favela do Canindé, em São Paulo, onde morava, os meios de sustentar a família e a base de sua produção literária (ela levava para o barraco livros e cadernos que encontrava no lixo), pode-se dizer que Carolina Maria de Jesus (1914-1977) teve uma trajetória excepcional. Sua vida de escritora, apesar das muitas contradições do seu temperamento, fez dela um fenômeno editorial e midiático, algo contrastante com sua atividade de catadora de papel das ruas de São Paulo. Incomodada por ser vista por todos como “mendiga e suja”, dizia que, embora andasse suja, não era mendiga: “Mendigos pedem dinheiro; eu peço livros”.
Desde que apareceu para o mundo das letras com seu livro “Quarto de despejo”, no início da década de 1960 (precedido das reveladoras reportagens do jornalista Audálio Dantas), Carolina Maria de Jesus vem sendo alvo de diversos estudos no Brasil e no exterior. Esses estudos giram em torno da sua turbulenta vida de favelada e da sua extensa obra, que engloba autobiografia, memorialismo, poesias, contos, provérbios e romances. Publicou ainda “Casa de alvenaria”, “Journal de Bitita“ (póstumo, 1982, França) e “Meu estranho diário” (também póstumo, 1996, organizado por José Carlos Sebe Bom Meihy e Robert M. Levine), o que nos dá uma ideia dos muitos inéditos deixados pela escritora, traduzida para dezenas de idiomas, como o romeno, russo, japonês, inglês, sueco e alemão.

ELOGIOS DE CLARICE E ALBERTO MORAVIA
Sobre ela foram realizados alguns bons trabalhos, como o ensaio “Cinderela negra” (1994), de José Carlos Meihy e Robert Levine, e as biografias “Muito bem” (2007), de Eliana Moura de Castro e Marília Novais de Mata Machado, e “Uma escritora improvável” (2009), de Joel Rufino dos Santos. A melhor análise do fenômeno que foi essa escritora, cujo centenário de nascimento ocorre este ano, está em “A vida escrita de Carolina Maria de Jesus”, excelente estudo da pesquisadora Elzira Divina Perpétua, da Universidade Federal de Ouro Preto.
O trabalho de Perpétua é fruto de anos de dedicação à obra da escritora mineira, nascida em Sacramento, que se tornou conhecida a partir do primeiro livro, “Quarto de despejo”, seu diário com pormenores da vida numa favela brasileira. Falava de fome, miséria, abandono, violência, aguçando a curiosidade pública e o espanto geral da sociedade, numa época de grandes transformações — aqui com o advento da inauguração de Brasília, lá fora pelas radicais mudanças econômicas e geopolíticas.
Elzira Perpétua sabe captar, em “A vida escrita”, toda a efervescência desse contexto, situando a escritora favelada (ou a favelada escritora) no panorama da literatura, da política, da economia e da cultura do país. Ao mesmo tempo, trabalha com os textos dos diários, analisando o mundo em torno da autora, seus sonhos e aspirações, seus projetos pessoais. Revela, com base no pensamento da catadora, o comportamento de Carolina com os filhos e seu relacionamento com os vizinhos. Pontos altos de alegria se mesclam com picos de tristeza e depressão, na manifestação suicida, na desesperança por se sentir impotente e derrotada.
Mas em “A vida escrita” é a primeira parte do estudo, que aborda a produção e recepção do livro “Quarto de despejo”, que chama a atenção, especialmente no capítulo em que Perpétua trata das traduções da obra no exterior. É curioso observar que nos países onde “Quarto de despejo” apareceu, o título da obra ganhou conotações estranhíssimas, como “Lixo”, na Dinamarca; “Depósito”, na França; “Favela”, em Cuba; “Diário da miséria”, na Alemanha; “Além da compaixão”, no Reino Unido. No Japão, a obra foi batizada de “Karonina nikki”, ou “O Diário de Carolina”. Já na edição americana, o livro da escritora brasileira foi denominado de “Filha da escuridão” (Child of the dark).

Na Itália, Alberto Moravia, importante nome da literatura europeia, encontrou na obra de Carolina a palavra “de uma profundidade shakespeariana”. E, entre nós, uma Clarice Lispector ansiosa (na lembrança de Nélida Piñon) disse para Carolina, quando a conheceu numa sessão de autógrafos numa livraria carioca, que a escritora do Canindé escrevia de verdade ou escrevia a verdade, reforçando o poder de sua escrita.
O impacto de “Quarto de despejo” catapultou o sucesso de Carolina de Jesus para além das nossas fronteiras e dela mesma. Quando morreu, em 1977, morando em um sítio de sua propriedade, chegou a dizer que era melhor ter continuado a viver na favela. Em verdade, nunca lhe saíram da curtida pele os efeitos de sua pobre vida, como catadora de papel e intelectual da miséria.

*Uelinton Farias Alves é jornalista e escritor, e trabalha atualmente numa biografia sobre Carolina Maria de Jesus

A 13ª Emenda (13th, 2016) | Documentario Netflix - Trailer Legendado

A 13ª Emenda (13th, 2016) | Documentario Netflix - Trailer Legendado



04/10/2016 15h42 - Atualizado em 04/10/2016 15h42

Filme '13th' vai da escravidão até prisões em massa de negros dos EUA

Documentário é dirigido por Ava DuVernay, de 'Selma'.
Longa estreou no New York Film Festival e chega ao Netflix na sexta (7).


Cartaz do filme '13th' (Foto: Divulgação/Netflix)Cartaz do filme '13th' (Foto: Divulgação/Netflix)
Já se passaram 150 anos desde que a escravidão foi abolida oficialmente nos Estados Unidos, mas o documentário "13th" argumenta que o escravismo ainda está vivo no encarceramento em massa que afeta desproporcionalmente a população negra norte-americana.
O filme, produzido pelo serviço de streaming Netflix, estreou no dia 30 de setembro no New York Film Festival, nos EUA. Ele chega ao Netflix a partir da sexta-feira (7).
Usando imagens de televisão, música e entrevistas com acadêmicos, políticos e ex-prisioneiros, a diretora Ava DuVernay retrata os afro-americanos como pessoas que continuam escravizadas. Algo que remonta aos linchamentos, à luta pelos direitos civis, aos aprisionamentos por delitos de drogas, às leis 'pare e reviste' e ao surto atual de mortes de civis negros desarmados pelas mãos da polícia.
A população carcerária dos EUA foi de 357 mil pessoas em 1970 para 2,3 milhões em 2014, segundo o documentário. Enquanto os homens negros representam cerca de 6,6 por cento da população do país, atualmente equivalem a 40,2 por cento da população carcerária.
DuVernay, conhecida por ter dirigido "Selma", filme sobre direitos civis de 2014, cresceu no bairro de Compton, em Los Angeles, berço do rap da Costa Oeste dos EUA.
"Na comunidade na qual cresci, não pensamos em segurança quando vemos a polícia... então isso sempre esteve na minha mente, e como eu fui aluna de estudos afro-norte-americanos na Universidade da Califórnia em Los Angeles, pude usar essa experiência em um contexto histórico e cultural, e isso realmente solidificou meu interesse muito, muito profundo no espaço e nesse tema. Sempre soube que faria um filme sobre isso", disse.
O documentário deve seu título à 13ª emenda da Constituição dos EUA, que acabou com a escravidão em 1865.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Criminalização do negro

O número crescente de negros mortos pela polícia tem motivado uma maior discussão sobre o assunto e ocasionado diversas manifestações e movimentos ativistas.
Notícias como: "PMs matam adolescentes negros já rendidos e com as mãos para o alto"¹ ou "Polícia atira em homem negro desarmado e rendido em Miami: Terapeuta ajudava um paciente com autismo quando foi rendido e atingido"² mostram a dualidade de como a polícia seja no Brasil ou no resto do mundo trata o crime(ou suposto crime) quando o acusado é negro e quando é branco. Basta acompanhar os jornais e ver que quando o suposto é branco a polícia raramente atira precipitadamente, mesmo que esteja colocando a vida de terceiros em risco e, mais raramente ainda matam³. Enquanto isso, negros muitas vezes morrem apenas por serem "suspeitos" ainda que a suspeita seja infundada ou que já tenham se rendido. E ainda há aqueles que digam que isso não seja culpa do racismo "Governador do Rio diz que assassinato de cinco jovens não foi racismo"4.

"Esses múltiplos casos tornam claro que há uma injustiça concreta em como os policias tratam pessoas brancas armadas versus pessoas negras armadas. E também prova que a desculpa padrão da policia sobre temer pela vida de alguém é feita sob medida para justificar a morte de pessoas negras, enquanto que sempre é dado o beneficio da dúvida às pessoas brancas".³

¹ http://ponte.org/pms-matam-adolescentes-negros-ja-rendidos-e-com-as-maos-para-o-alto-dizem-testemunhas/
² http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/07/policia-atira-em-homem-negro-desarmado-e-rendido-em-miami.html
³ http://usuncut.com/black-lives-matter/armed-white-people-survive-cops/ (o link é em inglês, mas o importante são os vídeos)
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-11/governador-diz-que-assassinato-de-5-jovens-nao-foi-racismo

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Nesta sexta-feira, dia 14/10, na sala 2 do IP


g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/10/tiroteio-no-pavao-pavaozinho-faz-comercio-fechar-em-ipanema.html

E, de novo, a guerra às drogas continua fazendo vítimas. Essa política de combate mostra-se ineficiente. E não é de hoje. Apesar do título fútil do link, de uma mídia que pouco se importa com as vidas perdidas, a notícia traz a cobertura do confronto intenso entre traficantes e policiais que, literalmente, parou o trânsito, impedindo que o trabalhador (inclusive os moradores da favela) voltasse para sua casa. Isso sem considerar o banho de sangue promovido por esse confronto.

Seguimos com as ruas dos morros manchadas de sangue, pois como dizia D2 e BNegão, do grupo Planet Hemp:
"É muito fácil falar de coisas tão belas
De frente pro mar, mas de costas pra favela
De lá de cima o que se vê é um enorme mar de sangue
Chacinas brutais, uma porrada de sangue"

Ficamos com a esperança de que isso mude um dia.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Bolsonaro e Eugenia

http://m.extra.globo.com/noticias/brasil/contra-a-corrente/bolsonaro-defende-eugenia-uma-pratica-nazista-20233993.html

Nada melhor  (ou pior) que um Bolsonaro pra representar práticas de limpeza de grupos sociais marginalizados e criminalizados nossa sociedade. E como fazer isso? "Combatendo" a miséria e a violência por meio do impedimento da reprodução de beneficiados do bolsa família por meio de intervenção cirúrgica.
Tweet de 2014 e vereador mais votado nesse domingo no RJ, como tudo estivesse bem.

Crime social - a criminalização das identidades trans

Posto aqui um relato público da candidata a vereadora no Rio de Janeiro, Indianara Sophia, do PSOL. O texto é cru e muito forte, então peço que leiam com cuidado - pode ser gatilho para pessoas que se sentem diretamente atravessadas pela causa trans ou, como coloca Indianara, a causa das pessoas "transvestigêneres".

A criminalização das pessoas LGBTQI aparece de diversas formas na atualidade. Como aponta Indianara, é comum até hoje a desumanização dessas pessoas (com foco naquelas com questões de gênero) e, portanto, a sua marginalização. Em uma história de muita luta por direitos humanos básicos, transborda no relato a criminalização da diversidade de gênero. Em seu extremo, aparecem casos até de falsa incriminação.

É importante também lembrar que o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTQI no mundo, apesar de não haver lei que preveja a diversidade sexual e de gênero como crime. Diz uma notícia que "Apesar do Estado [de São Paulo] se destacar em relação aos outros, o crescimento de mortes é unânime em todas as capitais, ou seja, não foi registrada queda comparando 2005 com 2012, pelo contrário, os números no mínimo dobraram".

Diante de todas as discussões promovidas em sala, acho pertinente que falemos sobre essa população que tanto sofre para viver.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

"Projétil de Lei"

Olá pessoal,


Compartilho o vídeo "Projétil de Lei" com poema e interpretação da Luíza Romão sobre a questão da Redução da Maioridade Penal no Brasil.

Talvez muitos de vocês já conheçam, pois o vídeo teve um grande alcance no ano passo durante a votação da PEC 171/1993 na Câmara Federal. A proposta é aquecer a discussão para a nossa aula do dia 05/10 e, também, pensar na potência da arte como importante ferramenta política.

Abraços, Mariana. 

terça-feira, 27 de setembro de 2016

A carne mais barata do mercado

Hoje (27/09/2016) a 4º Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo anulou o julgamento dos 74 policias militares condenados pelo Massacre do Carandiru. Os policiais foram julgados em cinco tribunais de juris diferentes, entre 2013 e 2014, e foram condenados em todos à penas que variavam de 48 a 624 anos de reclusão. O desembargador Ivan Sartori votou, inclusive, pela absolvição dos 74 policiais condenados. ¹
O Massacre do Carandiru ocorreu em 2 de outubro de 1992 quando 341 policiais militares neutralizaram uma rebelião em vinte minutos deixando como saldo 111 presos mortos. O IML revelou que 102 detentos foram mortos com tiros, apesar de nenhum detento portar arma de fogo. O massacre ficou conhecido como a ação mais violenta da história dentro de uma penitenciária brasileira. ²

Quase 24 anos após o massacre, os policiais indiciados respondem em liberdade e a justiça tarda. Apesar de ser evidente o desrespeito aos direitos humanos, há quem defenda esses policiais. O advogado Celso Vendramini, por exemplo, disse que "Aqueles homens, que deveriam ser homenageados por ter tido a coragem de entrar lá, estão sentados no banco dos réus"³. Essa fala evidencia uma prática que colabora para a impunidade da polícia. Práticas como a cultura da vingança (em que os acusados agem em nome da vingança da sociedade), da baixa eficiência no combate aos homicídios e do arquivamento de 99,2% dos processos sem investigação explicam essa impunidade.4
Nesse caminho, o genocídio da população pobre segue indiscriminado e a carne mais barata do mercado permanece sendo a carne negra.


¹: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2016/09/tj-anula-juris-que-condenaram-pms-pelo-massacre-do-carandiru.html
²: http://www.massacrecarandiru.org.br/
³: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/04/1434742-pms-deveriam-ser-homenageados-diz-defesa-no-juri-do-carandiru.shtml
4:  http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/03/a-impunidade-da-policia-que-mata.html 

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Evento na FND- Qual metodologia para uma criminologia crítica?

Aproveito o espaço do blog para divulgar o evento que acontece na próxima quinta na FND, com o professor Dan Kaminski da Universithé Catholique de Louvain.

Link do evento no facebook: https://www.facebook.com/events/1105953736140742/



" A Coordenação de Extensão da FND-UFRJ e o Grupo de Pesquisa em Criminologia da UNEB/UEFS convidam para a conferência "Qual metodologia para uma criminologia crítica?" Conferência a ser ministrada pelo professor Dan Kaminski, da Université Catholique de Louvain. A palestra contará ainda com a tradução do prof. Riccardo Cappi (UNEB/UEFS).

Dia 04 de outubro, às 9h30, no Auditório Valladão da Faculdade Nacional de Direito. 

Estão tod@s convidad@s! "

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Os pobres vão à praia

Episódio da série "Documento Especial: Televisão Verdade", exibida na antiga rede Manchete, o documentário "Os pobres vão à praia" de 1989 evidencia, por meio de cenas de preconceito explícito, os conflitos de classe, o racismo e a segregação na sociedade carioca.

Hoje, mais de 20 anos depois, pouca coisa mudou. Semana passada (15/09), mais de 100 jovens passaram por averiguação policial nas ruas de Copacabana.1 A notícia veiculada na plataforma virtual do jornal O Globo afirma que “apesar dos relatos de assalto, nada foi encontrado com eles”. Em agosto do ano passado, a PM abordou um ônibus a caminho da Zona Sul, impedindo o acesso de um grupo de adolescentes à praia e encaminhando-os arbitrariamente para o Centro Integrado de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Ciaca).2 A ação foi apoiada pelo governador Pezão, que disse que seu objetivo foi impedir a ocorrência de crimes nas praias.3

Essas notícias, assim como o documentário, demonstram o processo de criminalização que recai sobre a juventude negra, pobre e periférica do Rio de Janeiro, e como ele está intimamente ligado a incriminação sofrida por esse grupo. Do mesmo modo, nos ajuda a pensar sobre a figura do delinquente, como aquele que não cometeu o crime, mas é lido como se estivesse propenso a fazê-lo. Além disso, podemos refletir também sobre o direito à cidade que é negado aos jovens nessas situações, o espaço proibido que a praia, teoricamente pública, se torna, não só pela ação policial, mas também pela discriminação e por políticas como a reestruturação de linhas de ônibus, que dificultou o acesso as praias.4







terça-feira, 13 de setembro de 2016

Travestis são vítimas de transfobia no Rio de Janeiro

Apesar da diversidade sexual e de gênero não ser criminalizada no Brasil, membros da comunidade LGBT sofrem ataques diários e o Brasil é o país que mais mata travestis e transsexuais no mundo, com uma morte a cada 28 horas.

Além disso, devido a uma cultura com raízes fortes nas igrejas católica e evangélica e um aumento exponencial do conservadorismo na política nos últimos anos, que barra diretamente os (poucos) avanços conseguidos em nome dos LGBTs, os crimes de homo, lesbo e transfobia são cada vez mais justificados e até mesmo aceitos na sociedade brasileira, dificultando a aplicação de uma punição e, consequentemente, fazendo com que estes aumentem cada vez mais.

Hoje, duas travestis foram espancadas a luz do dia em praça pública no Rio. Uma delas foi espancada por três homens até perder a consciência; a outra, vendo o que acontecia, tentou intervir mas também foi covardemente atacada por eles. O crime foi testemunhado por diversas pessoas.

Fonte: https://catracalivre.com.br/geral/cidadania/indicacao/travestis-sao-espancadas-no-rj-e-caso-gera-revolta-na-internet/

terça-feira, 19 de julho de 2016

Violência contra a mulher


Segundo a Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha), configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão "baseada no gênero" que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, no âmbito da unidade doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de afeto (art. 5º e incs.). Diante do exposto podemos pensar a morte de mais uma mulher por um ex-marido como um crime de gênero. Digo mais uma, pois é tão corriqueiro homens cometerem violências de todos os tipos contra mulheres simplesmente pelo fato delas serem mulheres, tornando assim por vezes meras estatísticas.

http://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2016/07/mulher-e-morta-por-ex-marido-apos-discussao-por-pensao-de-filho-em-sp.html

quarta-feira, 13 de julho de 2016

A situação da polícia no RJ

Ao pensar em todos os atingidos pela situação de violência/crime em nosso Estado é possível estender o olhar crítico da Criminologia para situações de embate entre polícia e "bandido", o que deixa rastros e atinge não só aos envolvidos diretamente, mas a sociedade como um todo, Esta vivencia a dualidade construída historicamente e reflete em seus discursos e debate. Segue uma notícia a respeito da situação da polícia militar do Rio de Janeiro onde podemos perceber esse oposição das duas frentes pelo olhar de alguém que perdeu um ente querido nessa realidade. http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/07/viuva-de-pm-diz-que-policia-do-rj-trabalha-com-sucata-e-esta-vulneravel.html

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Gestantes em Situação de Rua e Rede Viva

Durante o II Seminário de Maternidade e Uso de Drogas - Discutindo Alternativas de Cuidados nas Redes de Atendimento, que ocorreu no dia 8 de julho na OAB - Rio, os presentes tiveram a possibilidade de conhecer sobre um grupo que busca discutir as gestantes que se encontram em situação de rua na cidade do Rio de Janeiro.

Eula Mirtes, coordenadora do Serviço Social da Maternidade Maria Amélia,  afirmou que muitas pacientes chegavam da Maternidade  e não se tinha muitas informações sobre a mesma, o que causava grande angústia e dificuldades de desenvolver um trabalho. Com a criação do grupo, tem-se a oportunidade de saber por onde o paciente passou, quais foram os atendimentos que a mesma recebeu e os encaminhamentos.

O grupo, que trabalha em articulação, se chama Rede Viva e acredita que a adesão de instituições nesse grupo facilidade no acompanhamento das pacientes que são atendidas, pois se consegue construir um histórico em cima das informações que são recebidas e compartilhadas na Rede.

Fazem parte do grupo a Maternidade Maria Amélia, Consultório da Rua - Centro, Hospital dos Servidores, CREAS, Pop Rua, Ministério Público pela Política Nacional de Humanização, Defensoria Pública, entre outros.

Evento na OAB


O Seminário sobre População em Situação de Rua: Preconceitos, Cuidados e Direitos, ocorrerá na OAB/RJ no dia 14/07 das 9 às 17 horas.
O Evento tem apoio do CRESS-RJ, CRP-RJ, OAB, Comissão Especial do PSR da Câmara Municipal do RJ, MP/CAO Cidadania, Defensoria Pública, UFRJ/NEPP-DH.

domingo, 3 de julho de 2016

Morte entre nós

Houve um assassinato em nossa universidade no último sábado, com fortes indícios de crime de ódio. Diego, estudante de arquitetura e urbanismo, foi encontrado morto na ilha do Fundão sem as calças e com marcas de espancamento. Diego era negro, gay, nascido no norte do país e morador do alojamento estudantil. Poderia ser eu, poderia ser muitos de nós! Até quando teremos que nos deparar com notícias como esta?

Segue matéria sobre o caso:

"Aluno da UFRJ é encontrado morto dentro do campus do Fundão, Rio"



sábado, 2 de julho de 2016

Vulnerabilidade dos corpos femininos

 Jovem é encontrada morta com dez tiros nas partes intimas, dez, mas ainda sim o sub-título da notícia ressalta que não foram encontrados sinais de violência sexual. Dez tiros na vagina não são considerados violência sexual. Essa notícia ( http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/fotos/gravida-de-15-anos-e-assassinada-com-mais-de-10-tiros-nas-partes-intimas-29062016#!/foto/1 ) divulga o caso de uma jovem que foi brutalmente assassinada, teve seu corpo violado, e ainda sim o que é produzido a partir dessa notícia, desconexa e menos que medíocre, é a ideia de que esse corpo não foi violado: "Segundo a DHBF (Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense), o corpo não tinha indício de violência sexual ou hematomas de agressões anteriores aos tiros". Sua roupa intacta é ressaltada como se isso preservasse de alguma forma esse corpo, como se o crime fosse menos brutal. Essa foi uma chamada das muitas que eu encontro no meu feed todos os dias de crimes que violam o corpo da mulher, que violentam, que são cometidos por atuais ou ex companheiros, reproduzindo a noção de que esse corpo tem um dono, e de que ele é passivo a punições. Notícias que diminuem a moral dessas mulheres, seja pelos espaços que elas frequentam, roupas que elas usam, pessoas com quem se envolvem, gosto musical ou uso de drogas, mas o fazem como que para colocar nessa mulher a culpa por esse ato, por ter se colocado disponível demais a espaços e escolhas que não deveriam ser dela. Duvidamos das mulheres e procuramos desculpas para os homens, até mesmo no restante das legendas dessa notícia, o autor estabeleceu uma disputa entre os supostos homens envolvidos na vida dela como mais ou menos passíveis de cometer esse crime, um ex namorado militar, de quem ela estaria grávida, com quem ela teve um relacionamento inconstante, e um traficante com quem ela supostamente se envolveu no passado e que saiu da prisão recentemente. Fica claro  na descrição do indivíduos quem tem o perfil entendido como mais ou menos passível de cometer tal crime.
É importante lembrar que as impressões que produzimos sobre as mulheres na nossa sociedade não estão fora do sistema judiciário. Os sujeitos que produzimos na nossa sociedade que entendem as mulheres como propriedade, com corpos passíveis de punição, como culpadas e duvidosas são os mesmos sujeitos que estão dentro dos nossos sistemas, e são reforçados por essa sociedade patriarcal e misógina, mantendo e legitimando um sistema de opressões cruel e estrutural. O que, ironicamente, é exatamente o que pode ser visto na segunda notícia que meu feed me mostrou hoje http://extra.globo.com/casos-de-policia/sargento-do-exercito-que-agrediu-esposa-recebe-apoio-de-amigos-familiares-so-voces-sabem-que-aconteceu-19615580.html 

terça-feira, 28 de junho de 2016

Traficante com bons antecedentes terá tratamento mais brando, diz STF

Decisão deve impactar especialmente as mulheres; 68% das presas estão envolvidas com o tráfico, mas muitas são usadas como "mulas"
“Esse porcentual, se analisado sob a perspectiva do recorte de gênero, revela uma realidade ainda mais brutal: 68% das mulheres em situação de privação de liberdade estão envolvidas com tráfico de entorpecentes ou associação para o tráfico”, afirmou o ministro. Proporcionalmente, a quantidade de mulheres presas por esse tipo de delito é três vezes maior que a de homens.
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/traficante-com-bons-antecedentes-tera-tratamento-mais-brando-diz-stf

segunda-feira, 27 de junho de 2016

EUA mantêm restrição de venda de armas a condenados por crimes de gênero

Segue matéria de hoje do G1 sobre as discussões em torno do porte de armas nos Estados Unidos após o ataque que matou 49 pessoas em boate gay de Orlando. 

"A decisão foi tomada em um momento de debate sobre o controle na venda de armas, reiniciado após o maior ataque a tiros da história do país no último dia 12 deste mês, quando um homem armado invadiu uma boate gay de Orlando, na Flórida, e matou 49 pessoas.

Com a decisão, os juízes confirmaram a constitucionalidade de uma norma federal de 1996, que proíbe a posse e o uso de armas por pessoas que foram condenadas por um "delito menor de violência doméstica", crime reconhecido em 34 dos 50 estados do país.

O caso se baseia na história de Stephen Voisine e William Armstrong, que mantinham armas após se declararem culpados em tribunais estaduais do Maine por crimes de violência doméstica.

Os acusados questionavam na Suprema Corte que esses crimes não deveriam restringir o direito ao porte de armas, previsto na Segunda Emenda da Constituição do país.

O caso ganhou relevância midiática porque em março, durante a audiência, o juiz conservador Clarence Thomas rompeu o silêncio de dez anos e formulou de maneira pública 11 perguntas.

"Se trata de um crime menor. Está se suspendendo um direito constitucional. Há exemplo em outra área em que uma violação menor suspende um direito constitucional", perguntou o magistrado a Illana Eisenstein, que representou na audiência o governo americano.

Em janeiro de 2015, o Tribunal de Apelações do Primeiro Circuito, com sede em Boston (Massachusetts), já tinha decidido contra os dois homens, que então decidiram levar o caso à Suprema Corte, que confirmou a sentença da instância inferior.

A Suprema Corte não avaliava um grande caso sobre armas desde 2010, quando aprovou, pela segunda vez, o direito constitucional dos americanos de possuir armas para se defender.

Na última semana, o tribunal rejeitou a avaliar um caso sobre armas de assalto e, dessa forma, aprovou as proibições estabelecidas em Nova York e Connecticut para esse tipo de arma semiautomática, similares ao fuzil AR-15 usado no recente massacre de Orlando.

Depois do ataque a tiros em Orlando, os pedidos para reforçar o controle sobre a venda de armas de fogo no país cresceram substancialmente. O autor do massacre, Omar Mateen, americano de origem afegã, foi investigado durante 10 meses por radicalismo pelo FBI, mas, por não ter antecedentes criminais, pôde comprar de maneira legal as armas usadas na boate.

Por isso, os congressistas democratas pediram aos republicanos, que têm maioria no Congresso, a ampliação dos controles. Eles também querem que a venda seja proibida aos suspeitos de poder cometer atos terroristas e pessoas que estejam incluídas em "listas de vigilância" das agências de segurança, como o FBI e a CIA.

A falta de acordo entre os políticos dos dois partidos impediu na semana passada que quatro medidas deste tipo saíssem do papel."

Fonte: 

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/06/eua-restringem-venda-de-armas-condenados-por-crimes-de-genero.html