domingo, 20 de novembro de 2016

‘Teste de imagens’ com profissionais de RH

Segundo dados do IBGE, 82,6% dos negros afirmam que a cor da pele influencia nas oportunidades de trabalho. Uma realidade que se confirma em outros números: profissionais negros ganham em média 36% menos que os brancos, ocupam apenas 18% dos cargos de elite e são 60,6% dos desempregados. Entre os muitos fatores que mais contribuem para essas estatísticas, está o Racismo Institucional, problema que se manifesta quando instituições públicas ou privadas atuam de forma diferenciada em relação a uma pessoa por conta da sua origem étnica, cor ou cultura, privando-a de oportunidades profissionais e sociais diariamente.

Para chamar atenção para esse problema grave, o Governo do Paraná em parceria com a Assessoria Especial da Juventude e o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial, assinam a campanha “Teste de Imagem”, criada pela Master Comunicação. Nela, profissionais de RH reais foram convidados para um experimento.


Link do vídeo: https://www.facebook.com/governopr/videos/890716684362421/

Primeiro eles foram separados em dois grupos. Depois, um mediador mostrou ao grupo 1 imagens de pessoas brancas em situações comuns do dia-a-dia. Já o segundo grupo viu imagens com as mesmas situações, mas com pessoas negras. O resultado foi alarmante, a grande maioria das respostas dos RHs do segundo grupo, colocou os negros em posição social inferior à dos brancos, muitas vezes os descrevendo de maneira pejorativa. Isso que mostra que mesmo sem perceber, muita gente ainda comete atos de racismo.

Fonte: http://razoesparaacreditar.com/representatividade-2/teste-de-imagens-com-profissionais-de-rh-mostra-que-racismo-institucional-existe-sim/


Novembro preto

Ontem, dia 19 de novembro, na Cidade de Deus, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, a favela viveu mais uma Chacina após um dia inteiro de intenso tiroteio, durante uma "operação" policial. Na manhã deste domingo (20), no Brejo, região de mata, os moradores encontraram sete corpos de jovens da comunidade.

Os pais já denunciavam o desaparecimento dos filhos logo depois dos confrontos da tarde de sábado. Policiais de vários Batalhões participam do que os militares chamam de "operação pente fino". O que na prática representa dezenas de jovens pretos executados pela máquina de matar do Estado. Um dos jovens foi encontrado deitado de bruços, em uma evidente posição de que foi executado, disse o pai, Leonardo Martins.


Hoje, 20 de novembro, dia da consciência negra. Hoje, 20 de novembro, dia da consciência negra e ontem mais uma chacina aconteceu. Quem será que morreu?


"É fácil odiar bandido!
É fácil odiar polícia!
É fácil dizer que “bandido bom, é bandido morto 
É fácil dizer que “todo policial é ladrão” 
É fácil querer que favelado se dane 
É fácil torcer pra “acabar com os vermes” 
É fácil torcer pra “matar geral” 
Difícil é ver um filho virar policial!
Difícil é ver um filho virar bandido! 
Difícil é não saber se aqueles que noticiou no jornal como morto/ferido, é um dos seus! 
Difícil é ver um helicóptero caindo! 
Difícil é tomar na cara, chute, apanhar, ser esculachado(a) sem ter feito nada pra isso!
Difícil é não saber se o filho vai voltar vivo ou morto do plantão!
Difícil e não poder voltar pra casa, é ver sua casa invadida, revirada… 
Difícil é perder os amigos no meio da operação. 
Difícil é perder os amigos que só estavam no portão. 
O barco é um só! Sem lado A ou lado B!
Desde que nos alforriaram e nos deixaram somente a favela como única alternativa. 
O Sinhozinho saiu da casa grande e foi pro planalto, mas, continua sem vontade de solucionar e assistindo a nós mesmo a nos matar. 
E as fronteiras seguem abertas… 
A cidade É de DEUS!" 

Autora: Tainá Briggs

Fonte: https://www.facebook.com/midia1508/posts/348566292179794
Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/moradores-da-cidade-de-deus-encontram-corpos-desaparecidos-20506026

“474” e o imaginário coletivo

No dia 3/11 ao sair da faculdade me deparei com uma viatura da polícia, em frente ao pinel. Por mais normal que aquela situação parecesse, os próximos minutos mostraram algo igualmente “normal” porém com um significado forte e já historicamente associado em nossa sociedade.
Os policiais pararam um ônibus, não qualquer ônibus, mas o 474. Qualquer pessoa que ande de ônibus ou conheça um pouco sobre eles, no rio de janeiro, já ouviu pelo menos algo como “não pega o 474”, “tenho medo do 474”. Um ônibus que traz consigo um grande pavor para alguns, ou um meio de chegar em seu destino para outros, já foi nos últimos anos alvo de diversas blitz da polícia.
No tempo que me encontrei no ponto não tive como ver se os policiais tiraram alguém do ônibus (prática no mínimo comum e peculiar em blitz), contudo ao prosseguir no meu trajeto, e estar no último ponto antes de entrar no Túnel Santa Bárbara, eis que vejo outra blizt da polícia com ninguém menos do que outro 474 parado sendo revistado. Dessa vez pude ver quem foi tirado do ônibus. E as pessoas não eram ninguém menos do que garotos... novos... negros... sem blusa... e de chinelo.
Essa cena para qualquer morador do rio de janeiro pode parecer normal, corriqueira, e alguns até diriam uma “medida necessária”, mas ela representa de forma clara e lúcida os processos de criminalização e essa imagem tão temida dos delinquentes. Não temos como saber se aqueles jovens retirados cometeram algum delito naquele dia, mas podemos afirmar que a seletividade policial nesses momentos é assustadora, ao ponto de pararem dois (ou até mais) ônibus de uma linha de ônibus específica para retirar o mesmo perfil de indivíduo.
Nesses momentos tem muito mais em jogo que a simples “defesa social”. Tem a ver com a nossa história de criminalização, tem a ver com o mesmo perfil que é tomado como perigoso e que deve ser encarcerado (para muitos). Tem a ver com os processos de subjetividade que perpassam por esses garotos, que em um momento se veem tomados como inimigos da sociedade, pessoas que precisam ser temidas e que invariavelmente encontram seus direitos, como o direito de ir e vir, sendo questionado. Garotos que precisam cuidar pra onde andam, porque nenhum lugar parece pertencer a eles tirando atrás das grades. 

sábado, 19 de novembro de 2016

Documentário sobre o real sistema penitenciário nos EUA

O documentário "A 13ª Emenda" dirigido por Ava DuVernay está disponível no Netflix e apresenta brilhantemente temas como mecanismo interno dos presídios, criminalização da população negra, influência da mídia, direitos humanos e política de "guerra às drogas" nos EUA. 



terça-feira, 8 de novembro de 2016

Suspeita sobre PMs cresce em caso de jovens encontrados mortos em SP

"O "de
"O encontro de cinco corpos em uma mata de Mogi das Cruzes(Grande SP) reforçou as suspeitas do envolvimento de policiais militares na chacina de jovens da zona leste da capital paulista. 
Embora ainda falte a confirmação científica da identidade de 3 dos 5 mortos, policiais e familiares já dão como certo que os corpos achados em uma área rural são dos rapazes desaparecidos desde 21 de outubro, quando saíram de carro para ir a uma festa em Ribeirão Pires, no ABC. [...]
Na área onde os corpos foram encontrados, perto de uma estrada de terra, foram localizadas cápsulas de pistola calibre .40, que é utilizada pela polícia nas ruas. [...]
Com idades entre 16 e 30 anos, os rapazes, um deles cadeirante, sumiram no caminho da festa em que encontrariam meninas conhecidas em rede social. O perfil das garotas, no entanto, também desapareceu da internet, colocando em dúvida a existência delas e da festa. 
Entre as últimas mensagens enviadas pelo grupo, segundo familiares, está uma que menciona suposta abordagem policial. "Ei, acabo de tomar um enquadro ali. Os polícia está me esculachando[sic]."
Parte dos jovens tinha antecedentes criminais. Havia rumores no bairro do suposto envolvimento de um deles na morte de um PM - fato não comprovado até hoje. O fato dos corpos estarem enterrados em uma mata, para dificultar a localização, é citado por investigadores como uma característica menos frequente em crimes cometidos por bandidos comuns. 
Dayane disse não ter dúvidas do envolvimento de policiais na morte dos jovens. Para ela, tudo foi uma emboscada de PMs para acertar contas com alguns dos jovens mortos." 

Todos negros, um deles cadeirante, um suposto envolvimento na morte de um PM baseado em rumores no bairro que não foi comprovado até hoje. 

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/11/1830296-suspeita-sobre-pms-cresce-em-caso-de-jovens-encontrados-mortos-em-sp.shtml 

Servidores invadem a Alerj e ocupam o Palácio Tiradentes

"Os servidores estaduais que protestam contra o pacote de medidas de cortes do governo do estados acabaram de invadir a Assembléia Legislativa. Os manifestantes já ocupam o Palácio Tiradentes. [...]
A maioria dos manifestantes é da área da segurança pública, como funcionários do sistema penal, bombeiro, policiais civis e militares. além de aposentados e pensionistas."



Link da notícia:
 http://extra.globo.com/noticias/extra-extra/servidores-invadem-alerj-ocupam-palacio-tiradentes-20431635.html#ixzz4PS3Hn0aQ

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Detentos de hospital psiquiátrico penal no RJ sofrem sem remédios

Homens e mulheres com doença mental ou dependentes químicos internados no Hospital Penal Psiquiátrico Roberto Medeiros, no Complexo de Gericinó, sofrem com a falta de medicamentos. Essas pessoas, que estão cumprindo pena ou esperando julgamento, precisam tomar remédios de uso controlado diariamente, mas na unidade o estoque está zerado. Sem serem medicados, muitos não podem ser julgados, vários entram em surto e pelo menos um deles já morreu. "

(...)

A gente constatou que existe falta de medicamentos, que os médicos da unidade prescrevem e que o almoxarifado informa não ter. A falta da medicação põe em risco essa pessoa e as demais que estão lá. Mas não tem falta de dinheiro, que está disponível hoje", diz o defensor público Marlon Barcellos.

Quando as cadeias precisam de remédios, o pouco que chega vem do estoque do SUS - que deveria abastecer os hospitais públicos - ou de "vaquinhas" feitas pelos próprios funcionários das unidades. "É importante que o dinheiro reservado para a Seap seja utilizado, para que o estado não seja obrigado a cobrir essa falta desviando medicamentos das unidades de atenção básica e dos hospitais ", explica Samantha Monteiro, defensora do Núcleo de Fazenda Pública.

Sem a medicação, muitos dos internos entram em surto e são postos no isolamento. "É comum que essas pessoas sejam postas em isolamento, é o que a unidade dispõe para tentar resguardar a segurança delas mesmas, só que chega a um ponto em que existe mais de uma pessoa em isolamento numa mesma cela, talvez três, quatro pessoas juntas num setor de isolamento, sem medicamento", explica Marlon Barcellos.

Atualmente, 127 pessoas estão presas no hospital. A maioria cometeu crimes por causa da condição mental, mas outras ficaram doentes na cadeia. São detentos com problemas mentais graves, que mataram ou estupraram; e também pessoas que cometeram delitos considerados menos graves, mas que precisam do remédio diário.

(...)

Em nota, a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) informou que um processo emergencial de compra de remédios está em fase de conclusão e que recebeu uma doação de 230 mil comprimidos psicotrópicos, que já foram distribuídos para as unidades psiquiátricas.

Link da notícia: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/11/detentos-de-hospital-penal-psiquiatrico-sofrem-sem-remedios.html?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_content=rjtv

Reunião do Núcleo da Luta Antimanicomial do RJ

Nesta quarta feira (09/11) o Núcleo Estadual do Movimento da Luta Antimanicomial do Rio de Janeiro (NEMLA/RJ) fará uma reunião e está convidando a todos.
A reunião será no CRESS RJ (Rua México, 41, 12º andar) de 18:30 às 21h.

Link do evento: https://www.facebook.com/events/1238933586178563/