segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

CAPS combate o crack de forma eficaz sem internação compulsória. Proposta de Paes de recolhimento do usuário é vista por psicóloga como "higienização

"(...) o método adotado pelo CAPS-AD é mais eficiente e mais comprometido com resultados a longo prazo do que as internações forçadas, uma medida emergencial inútil." 

http://m.jb.com.br/rio/noticias/2012/10/25/caps-combate-o-crack-de-forma-eficaz-sem-internacao-compulsoria/ 

Maria Luisa de Melo, Jornal do Brasil
L., um homem de 44 anos, mudou-se de Bonsucesso, Zona Norte do Rio, para a calçada defronte ao Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas Centra-Rio, localizado em Botafogo, na Zona Sul carioca. Fez isto em busca do tratamento da sua dependência do crack e da cocaína, uma vez que por conta do vício perdeu o emprego, a família e não dispõem de dinheiro para a passagem que o levaria a Botafogo.
O tratamento que L. busca de forma extremada é oferecido gratuitamente por órgão público que rejeita a política da internação compulsória que o prefeito Eduardo Paes está adotando no Rio. No lugar de internar compulsoriamente qualquer dependente que seja, os CAPS-AD trabalham com a política de Redução de Danos.
Assim como L., pai de três filhos, dezenas de pessoas mudaram sua rotina na tentativa desesperada de buscar ajuda para se livrar da dependência química. Todos estimulados por conhecidos que encontraram a saída para as drogas no tratamento oferecido por estes CAPS-AD, unidades financiadas pelo Ministério da Saúde, desde 2002.

Escondendo o usuário
A política diferencia-se da internação forçada de usuários de crack que já vigora para crianças e adolescentes, e que o prefeito insiste em estender. Nesta quinta-feira (25) ele, em Brasília, obteve o apoio do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
A opção da Prefeitura do Rio é classificada como "higienista" por especialistas em dependência química. "O que se vê hoje na cidade do Rio é uma política de higienização. Só estamos discutindo o crack porque há usuários desta droga espalhados pelas ruas. Com a internação compulsória, a intenção é tirá-los da visibilidade. E isto não deveria acontecer, porque é ineficaz", desabafou a psicóloga Silvia Tedesco, que há 20 anos lida com dependentes químicos.


Centro Psicossocial de Botafogo presta atendimento ambulatorial a usuários de crack e outras drogas
Centro Psicossocial de Botafogo presta atendimento ambulatorial a usuários de crack e outras drogas
O tratamento oferecido pelos CAPS-AD baseia-se na liberdade e na política de redução de danos. A proposta, que popularizou-se no Brasil durante a década de 70, consiste em terapia intensiva para dependentes químicos com a finalidade de fazer com que cheguem à abstinência. Ou seja, se a abstinência não for alcançada, há redução da quantidade de drogas usadas. Sem tratamento de choque como a internação, os usuários conseguem manter uma vida normal e chegam até a conciliar a terapia com trabalho e estudo.
O método, baseado no atendimento ambulatorial com equipe multidisciplinar (psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais e clínicos gerais) é, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, o que mais funciona na recuperação dos dependentes químicos.

Internações e recaídas
Pelo tratamento, o uso da droga não é proibido logo que iniciado. Antes pelo contrário. A psicoterapia leva o usuário a abandonar a droga por si só. Os resultados obtidos com este tipo de tratamento no mundo, segundo a OMS, podem chegar a 35%. A internação (voluntária ou à revelia), por sua vez, no máximo tem recuperado 10% dos pacientes. Outros 90% dos internados sofrem recaídas logo após a alta.
Usuário de álcool desde 12 anos e de cocaína por 22, Z.R, de 44 anos, não imagina sua vida longe do tratamento diário do CAPS-AD. Os Centros oferecem não apenas o atendimento ambulatorial, mas também oficinas de terapia ocupacional e refeições. Só não há permissão para pernoitar.
"Aos poucos estou abandonando a cocaína e já não uso mais álcool. Já estive internado, mas não adiantou absolutamente nada. Assim que saí da clínica, bateu uma vontade forte de voltar a usar droga. Não resisti. Caí em tentação e o período que passei internado não resolveu o problema", contou ele. "Eu quero parar e tenho certeza de que vou conseguir. Mas não dá para ser um tratamento de choque como a internação, as coisas têm que acontecer aos poucos", diz o dependente, que não vê com bons olhos a internação compulsória. "Se funcionasse, tudo bem, mas não funciona".
O pintor L., o ex-morador de Bonsucesso, decidiu procurar ajuda depois de ficar desempregado. "Não tenho dinheiro para vir de Bonsucesso para Botafogo me tratar. Então, passo a semana dormindo na calçada do CAPS-AD. Tudo pelo meu tratamento", destaca o usuário que já foi internado duas vezes.
"Limpo" há dois anos, o estudante S., 41 anos, conta que chegou ao CAPS-AD por intermédio de um conhecido, quando viu que depois de aderir ao uso de crack não tinha saída sem ajuda:
"Desde 12 anos eu usava todo tipo de droga que se possa imaginar, mas depois que aderi ao crack cheguei ao fundo do poço. É uma droga muito mais rápida que as outras. Já trafiquei e roubei para comprar pedras", confessa. "Quando tomei consciência de que a minha vida estava piorando muito mais a cada dia, aceitei a ajuda de um amigo para conhecer o CAPS-AD e estou aqui há dois anos", conta o carioca, que participa de concursos de marchinha de carnaval e voltou a estudar há um ano e seis meses.

Política higienista
Com experiência de quase 20 anos no tratamento de dependentes químicos, a psicóloga Sílvia Tedesco classifica a medida anunciada pelo prefeito Eduardo Paes como "higienista" e "despreocupada com a saúde dos dependentes químicos".
Para ela, o método adotado pelo CAPS-AD é mais eficiente e mais comprometido com resultados a longo prazo do que as internações forçadas, que encara como uma medida emergencial inútil.
"O tratamento ambulatorial é comprometido com o resgate daquele ser. Há uma tentativa de resgate das relações familiares. É diferente do imediatismo de se internar todos os usuários de crack para limpar as ruas. A preocupação não tem que ser com as ruas, mas com as pessoas", diz. "A Prefeitura deveria ampliar os CAPs para ter um bom resultado a longo prazo. Mas fazer melhor dá mais trabalho, né?", indaga.  

Experiência em São Paulo
Professor do Departamento de Psiquiatria e coordenador do Programa de Orientação e Assistência a Dependentes (Proerd), da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, Dartiu Xavier da Silveira aponta os ganhos da adoção da redução de danos para a saúde pública do país.
"O usuário que não consegue ficar abstinente não vai parar de usar a droga. E este grupo que não consegue largar é maioria. O máximo que se pode conseguir, para alguns, é diminuir o uso. Assim, muitos dependentes conseguem ter uma vida normal apesar da droga. É como o bordão 'dos males, o menor' ", explica.
O programa coordenado por Dartiu atende 700 dependentes químicos por mês e está vinculado à Prefeitura de São Paulo. Além do tratamento terapêutico, os cuidados com os dependentes consistem também na distribuição de cachimbos higiênicos. A intenção é evitar a proliferação de doenças como hepatite B e C, além de HIV.
"Ao compartilhar cachimbos feitos de latinhas de alumínio ou de outros materiais cortantes, os usuários acabam trocando entre si inúmeras doenças. Com a distribuição de cachimbos higiênicos e individuais, temos uma diminuição da problemática", diz o psiquiatra Thiago Fidalgo, também integrante do Proerd.
marialuisa.melo@jb.com.br

Postado por Rebecca Dalfior Signorelli

Filme: Da Servidão Moderna - documentario

Video em formato de texto: http://delaservitudemoderne.org/texto-po.html

http://www.youtube.com/watch?v=ibLDSYMACq4

“é o homem inteiro que é condicionado ao comportamento produtivo pela organização do trabalho, e fora da fábrica ele conserva a mesma pele e a mesma cabeça.” (trecho do filme)

“Como todos os seres oprimidos da historia, o escravo moderno precisa de seu misticismo e de seu deus para anestesiar o mal que lhe atormenta e o sofrimento que o sufoca. Mas este novo deus, a quem entregou sua alma, não é nada mais que nada. Um pedaço de papel, um número que apenas tem sentido porque todo mundo decidiu dar-lhe. É em nome desse novo deus que ele estuda, que ele trabalha, que ele luta e se vende. É em nome desse novo deus que abandonou seus valores e está disposto a fazer qualquer coisa. Ele acredita que quanto mais tem dinheiro mais se libertará dos problemas dentro dos quais ele está aprisionado. Como se a possessão andasse de mãos dadas com a liberdade. A liberação é uma ascese que provém do domínio de si mesmo; um desejo e uma vontade de atuar. Está no ser e não no ter. Porém é preciso decidir-se a não mais servir, nem obedecer. É preciso também romper com esse hábito que, ao parecer, ninguém ousa recriminar.” (Christophe Dejours)

Postado por Rebecca Dalfior Signorelli

Para repenar a neutralidade e objetividade da ciencia

Porque a maioria dos resultados dos artigos publicados são falsos?

Aumenta a preocupação com relação a integridade dos achados científicos
Por Sergio Arthuro *

Num artigo publicado na prestigiada revista Public Library on Science (PLoS) Medicine, o Dr. John Ioannidis (Escola de Medicina das Universidades de  Ioannina – Grécia, e Tufts – EUA) alega que há uma preocupação crescente de que os resultados falsos podem ser a maioria (ou até a grande maioria) dos achados de pesquisa publicados recentemente. Além disso, em muitos dos atuais campos científicos, os resultados das investigações podem muitas vezes ser simplesmente medidas precisas do viés predominante.

Segundo o autor do artigo [1], os achados das pesquisas são muitas vezes refutados por evidências subsequentes, o que faz parte do progresso científico, apesar de gerar confusão e desapontamento. Refutação e controvérsia são vistos em toda a gama de pesquisas, desde ensaios clínicos e estudos epidemiológicos tradicionais [2,3] até as de cunho molecular mais modernas [4,5]. Entretanto, uma certa desconfiança com relação a veracidade dos resultados dos artigos científicos já vem ocorrendo há um certo tempo, e outros cientistas também já levantaram essa questão [6-8].
Estudiosos do método científico apontaram que a alta taxa de não-replicação (falta de confirmação) das descobertas científicas é consequência principalmente de uma estratégia mal fundamentada de reivindicar resultados conclusivos com base em um único estudo, avaliado por significância estatística formal, ou seja, por um valor de “p” menor do que 0,05 [9-11]. Dessa forma, as pesquisas não deveriam ser resumidas simplesmente por valores de “p”, mas, infelizmente, o que acontece é exatamente o contrário. Segundo ou autor, outros fatores também favorecem a publicação de resultados falsos, como quando existe: a) “n” baixo, b) excessiva flexibilidade no desenho, resultados e/ou análise, c) muito interesse financeiro envolvido, e d) muitas equipes perseguindo significância estatística num campo científico. Uma maior atenção para esses fatores pode ser a solução do problema.
Muito do que acontece também, segundo o Dr. Ioannidis (assim como na minha experiência), é o uso da expressão “resultado negativo”, que é utilizada quando os resultados não estão de acordo com a hipótese prévia, que é baseada simplesmente na maioria dos achados anteriores. Se quase todo mundo achou que a substância X diminui a dor de cabeça, mas meus resultados não mostraram isso, eu simplesmente digo que “meus resultados deram negativos”. Consequentemente, não consigo publicar os dados, pois as revistas não se interessam por esse tipo de resultado, com exceção do Journal of Negative Results, criada para atender esse tipo de demanda, que com certeza é a maioria. O que ocorre muitas vezes também é que os cientistas fazem milhares de experimentos e análises até que cheguem aos resultados que eles queriam encontrar, sem se preocupar em replicar seus experimentos, ou mesmo se a estatística utilizada foi a correta. Assim, não é que os trabalhos sejam fraudulentos, mas sim, deveriam ser mais criteriosos.
O que observo bastante também é que muitos cientistas fazem experimentos simples, mas usam ferramentas matemáticas e estatísticas extremamente complexas (que muitas vezes só eles entendem, e nem mesmo os revisores do artigo são capazes de compreender) mas que dão os resultados que eles esperavam e/ou que a maioria dos cientistas encontrou. Entretanto, isso já é suficiente para gerar um artigo – que muita gente chama de paper (apesar de que eu não vejo necessidade de usar uma palavra em outra língua se temos um equivalente em português) gerando um tipo de “papercracia”, já que os artigos são praticamente os únicos responsáveis por angariar recursos para fazer mais pesquisa, para gerar mais artigos, para ganhar mais dinheiro e prestígio, para fazer mais pesquisa, para gerar mais artigos etc. Com o artigo publicado, os cientistas responsáveis têm a plena convicção de dever cumprido, e que os outros cientistas que se virem para dar um passo a frente, sem nem mesmo se preocupar em tentar replicar os próprios resultados.
Como conclusão, podemos dizer que o método científico é uma excelente ferramenta, mas o sistema de avaliação da ciência atual é cheio de falhas e merece uma revisão urgente, para evitar a publicação de resultados falsos e a perpetuação das conclusões enviesadas, favorecendo assim as pesquisas que realmente tragam algo de bom, justo e útil para a humanidade.

* Médico, doutor em Psicobiologia e Divulgador Científico

Sugestões de Leitura
1. Ioannidis, JPA (2005) Why Most Published Research Findings Are False. PLoS Med 2(8): 696-701.
2. Lawlor DA, Davey Smith G, Kundu D, Bruckdorfer KR, Ebrahim S (2004) Those confounded vitamins: What can we learn from the differences between observational versus randomised trial evidence? Lancet 363: 1724-1727.
3. Vandenbroucke JP (2004) When are observational studies as credible as randomised trials? Lancet 363: 1728–1731.
4. Michiels S, Koscielny S, Hill C (2005) Prediction of cancer outcome with microarrays: A multiple random validation strategy. Lancet 365: 488–492.
5. Ioannidis JPA, Ntzani EE, Trikalinos TA, Contopoulos-Ioannidis DG (2001) Replication validity of genetic association studies. Nat Genet 29: 306–309.
6. Colhoun HM, McKeigue PM, Davey Smith G (2003) Problems of reporting genetic associations with complex outcomes. Lancet 361: 865–872.
7. Ioannidis JP (2003) Genetic associations: False or true? Trends Mol Med 9: 135–138.
8. Ioannidis JPA (2005) Microarrays and molecular research: Noise discovery? Lancet 365: 454–455.
9. Sterne JA, Davey Smith G (2001) Sifting the evidence: What’s wrong with significance tests. BMJ 322: 226–231.
10. Wacholder S, Chanock S, Garcia-Closas M, El ghormli L, Rothman N (2004) Assessing the probability that a positive report is false: An approach for molecular epidemiology studies. J Natl Cancer Inst 96: 434–442.
11. Risch NJ (2000) Searching for genetic determinants in the new millennium. Nature 405: 847–856.

Postado por Rebecca Dalfior Signorelli

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Reportagem sobre caso de racismo


Notícia vergonhosa...
Para pensarmos os preconceitos e os processos de criminalização.

http://oglobo.globo.com/rio/familia-abre-campanha-no-facebook-para-acusar-concessionaria-de-preconceito-racial-7379006

RIO - “Essa loja não gosta de crianças, mãe?” A pergunta, feita por um menino negro de apenas 7 anos, comoveu os pais, Priscilla Celeste e Ronald Munk, que, atônitos, assistiram a um vendedor expulsar seu filho de dentro de uma concessionária BMW, na Barra. O vendedor “desavisado” não sabia que a criança era o filho do casal de cor branca, que entrara ali para comprar um carro maior para a família. Numa reação ao que consideraram um ato de racismo, os pais lançaram a campanha no Facebook “Preconceito racial não é mal entendido”, que em poucos dias conseguiu apoio de mais de dez mil internautas. Eles querem que a concessionária faça uma retratação pública e que se comprometa a criar procedimentos que possam evitar os “impulsos” de funcionários que ainda tenham o preconceito racial enraizado em suas reações.
O caso ocorreu no dia 12 passado, na concessionária Autokraft, na Barra, Zona Oeste do Rio. Pais de cinco filhos, eles foram à loja acompanhados do caçula, de 7 anos, que é adotado, em busca de um automóvel novo para família.
— Nós éramos clientes dessa loja, mas o vendedor que conhecemos não estava. Então veio esse gerente de vendas. Enquanto olhávamos um carro, nosso filho se sentou em uma poltrona e ficou vendo TV. Quando ele voltou para o lado do pai, o homem que nos atendia virou para a criança e disse: “você não pode ficar aqui dentro. Aqui não é lugar para você. Saia da loja”.
Segundo Priscilla, depois de ser chamado a atenção por Ronald, o vendedor ainda insistiu:
— Ele disse: “porque eles pedem dinheiro, incomodam os clientes. Tem que tirar esses meninos da loja.” Quando meu marido disse a ele que o menino negro era nosso filho, ele ficou completamente sem ação, gaguejando desculpas atrás de nós enquanto saíamos indignados da concessionária.
O casal ainda esperou que a empresa entrasse em contato com a família para se retratar, o que não ocorreu. Revoltados, enviaram uma reclamação ao Grupo BMW, no dia 16 passado, por e-mail. No mesmo dia, o grupo respondeu, lamentando o ocorrido e informando que solicitara esclarecimentos à concessionária Autokraft através de uma notificação entregue na mesma data.
Priscilla contou que a resposta da Autokrft veio sete dias depois do incidente. Em um novo e-mail, com o assunto “desculpas”, a empresa se diz ciente do ocorrido e afirma que o gerente da loja “entendeu que o casal não estava acompanhado por qualquer pessoa, incluindo a criança. E já que ela estava absolutamente desacompanhada na loja, o funcionário teria alertado o garoto de que ele não poderia ali permanecer e que tudo não passou de um mal-entendido”. A mensagem é finalizada com a seguinte frase: “Tenho imenso prazer em tê-lo sempre como cliente amigo”.
— Nossa ideia não é processar a empresa. Queremos, sim, uma retratação pública. Não foi um mal-entendido. Se fosse uma criança branca não teria sido confundida. Aliás, se eles tivessem olhado direito para meu filho, veria que não se tratava de uma criança de rua. Mas eles não olharam meu filho. Só viram a cor dele. E mesmo se fosse uma criança desacompanhada, o certo seria perguntar pelos responsáveis e não expulsar da loja — concluiu Priscilla, que é professora.
Em nota, a concessionária Autokraft volta a afirmar que de fato ocorreu um mal entendido. Eles afirmam que a empresa não compactua com nenhum tipo de comportamento discriminatório. Como exemplo, a nota cita o cargo de chefia da área de Recursos Humanos (responsável pela avaliação e contratação de pessoal), que seria ocupado por "uma mulher negra que trabalha conosco há 25 anos".
"Em todas as demais áreas da empresa, incluindo a de vendas, existem pessoas de todos os tons de cores de pele. Nenhum tipo de preconceito é tolerado e, portanto, o racismo definitivamente não existe numa empresa que, em toda a sua história (mais de 40 anos), sempre conviveu com a diversidade", diz trecho da nota.
Leia a íntegra da nota:
"Para esclarecimento de todos, sobre o fato divulgado na imprensa a respeito de um suposto ato de racismo, referente a uma criança negra, que estava aparentemente desacompanhada no salão de vendas de nossa concessionária, informamos que o ocorrido foi o seguinte:
"A criança foi abordada pelo gerente de vendas, que lhe disse que não poderia ficar sozinha no salão.
"Após essa abordagem, a criança se encaminhou para os seus pais, brancos, que se dirigiram ao gerente pedindo esclarecimentos e o mesmo, ao se explicar dando o exemplo de que, por vezes, crianças desacompanhadas entram na loja para vender coisas, foi mal entendido pelos pais, que acharam que o gerente estava querendo dizer que a criança, por ser negra, teria sido confundida com uma criança de rua ou vendedora de balas.
"O gerente de vendas, que absolutamente não é racista, está extremamente abalado com a repercussão do que, em momento algum, foi uma atitude racista ou discriminatória.
"Ficamos ainda mais tristes ao ver que, de alguma maneira, querem dar a entender que a empresa compactua com algum tipo de comportamento discriminatório.
"Nossa empresa tem em cargo de chefia do RH, área responsável pela avaliação e contratação de pessoal, por exemplo, uma mulher negra que trabalha conosco há 25 anos.
"Em todas as demais áreas da empresa, incluindo a de vendas, existem pessoas de todos os tons de cores de pele. Nenhum tipo de preconceito é tolerado e, portanto, o racismo definitivamente não existe numa empresa que, em toda a sua história (mais de 40 anos), sempre conviveu com a diversidade.
"Lamentamos que o entendimento e interpretação dos pais tenha sido no sentido de um ato de racismo, como foi por eles exposto e divulgado.
"Estamos à disposição dos pais, como sempre estivemos, para atendê-los e dialogar, para que nos conheçam melhor e compreendam que o ocorrido não foi um ato de racismo, e acreditem que, de fato, ocorreu um mal-entendido.
"Viva a diversidade!
Autokraft"


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/familia-abre-campanha-no-facebook-para-acusar-concessionaria-de-preconceito-racial-7379006#ixzz2IqmH4tlR
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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Carandiru

Olá Turma,

Aqui seguem alguns links sobre o Carandiru, caso alguém se interesse.

Carandiru - 20 anos depois da morte de 111 presos, as versões da tragédia
http://www.youtube.com/watch?v=tpeNHtCbgRo

Documentario Carandiru (o que assistimos um trecho no início da disciplina)


"Massacre do Carandiru não precisava ter acontecido", diz Drauzio Varella

http://www.youtube.com/watch?v=kOraXrhQKOY Beijos, Anna Bentes

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Esclarecendo alguns pontos da apresentação

Como percebi que algumas (na verdade muitas pessoas) ficaram incomodadas quando citei partes do pensamente butleriano sobre a naturalidade da heterossexualidade, vim para esclarecer:

Quando disse, baseada na filosofia crítica de Butler, que a heterossexualidade não é natural, eu estava querendo fazer vocês pensarem tal qual a autora, criticamente. Ora, se a heterossexualidade é construída  pelo discurso e através do discurso, pelo menos nos moldes atuais, ela jamais poderia ser natural. Entendem? Percebem que, a construção de qualquer identidade sempre será atravessada pelo discurso construído e reiterado historicamente e socialmente e necessariamente estará sempre em construção uma vez que estamos dentro de um sistema social continuum. É complicado? Sim, eu sei. 

Para Butler, a performatividade baseia-se na reiteração de normas que são anteriores ao agente, e que sendo permanentemente reiteradas, materializam aquilo que nomeiam. A partir disso, temos simplesmente o gênero imitando um ideal de gênero. Assim, precisamos nos ater para o essencialismo que envolve a própria heterossexualidade compulsória, pelo menos em sua forma discursiva, pois quando pensamos por exemplo: "mulheres tem útero", estamos nos colocando numa posição tal qual a dos animais. Poderíamos, a partir desse discurso, intuir que as mulheres são tão iguais a dragões de comodo, pelo menos pelo aspecto animal ou reprodutor da coisa. Percebem?! Ninguém se relaciona apenas com intuito reprodutor, do mesmo modo que há mulheres que mesmo com útero não podem parir.

Para entender o conceito de performatividade primeiro é preciso desassociá-lo da ideia voluntarista de representar um “papel de gênero”, construindo para si um corpo que expresse e marque uma condição de escolha do sujeito que adota uma identidade. A performatividade se insere na reiteração de normas. “Seria um erro reduzir a performatividade à manifestação do gênero”.  Como disse acima, ela consiste numa reiteração de normas que são anteriores ao ator, e que sendo permanentemente reiteradas, materializa aquilo
que nomeia. Assim são as normas reguladoras do sexo. São performativas no sentido de que reiteram práticas já reguladas, normas ou um conjunto delas, materializadas nos corpos, marcadas no sexo, exigindo práticas mediante as quais se produz uma “generificação”. Não se trata, portanto de uma escolha, mas de uma coibição, ainda que esta não se faça sentir como tal. Daí seu efeito naturalizado, a-histórico, que faz
desse conjunto de imposições algo natural.

Caso tenham interesse, podem ler um livro que compila as ideias de Butler, chama-se "Judith Butler e a Teoria Queer" de Sara Salih. É bem gostoso de ler e bem didático neste sentido. 

É por esse e por outros motivos que a discussão de gênero me interessa tanto, espero que compreendam isso e não se incomodem mais com as minhas colocações em aula. Porque diferente de vocês psicólogos, não tenho nenhum interesse em aplicar testes ou apenas fazer isso, isso limita o trabalho de qualquer um, nesse sentido acho a filosofia mais interessante!!! 

Aproveito a oportunidade para convidar, a todos que tenham interesse, participar de um grupo de estudos que acontecerá no IFCS, este encontro reunirá pesquisadores, ativistas e estudantes. Discutiremos Transexualidade.
Segue o link para maiores informações: http://www.pr5.ufrj.br/diversidade/index.php/2-uncategorised/51-grupo-de-estudos-sobre-identidades-trans

Beijo grande!!!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

http://www.youtube.com/watch?v=N-CGWv9jymQ
Assisti a esse filme e não pude deixar de fazer links com a matéria. O tema do filme não é diretamente relacionado, mas é atravessado por temas interessantes. O que me chamou atenção foi a relação do grande empresário com o filho do motorista, um negro. O empresário comete um crime e o processo recai sobre o negro. É uma recomendação para vocês.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Aldeia Maracanã



Tropa de Choque da Polícia Militar, sem mandato judicial, cerca a Aldeia Maracanã. Índios e outros militantes dos movimentos sociais prometem resistência pacífica.
Nas primeiras hora da manhã deste sábado, dia 12, diversos policias do Batalhão de Choque da Polícia Militar cercaram o Centro Cultural Indígena, a Aldeia Maracanã, local que funcionou o Museu do Índio. A operação tem a finalidade de desapropriar o lugar para a realização de obras para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
O prédio, hoje em disputa, abrigou no ano de 1953 a cultura indígena do Brasil, primeiro com o Museu do Índio, que transferido para a zona sul do Rio na década de 1970; e posteriormente, no ano de 2006 com a Aldeia Maracanã, centro cultural que abriga diversos indígenas que chegam ao Rio de Janeiro.
Nesse momento, diferentes movimentos sociais e meios de comunicação alternativos estão no local com o propósito de apoiar a luta dos integrantes do espaço. Esses meios também cumprem a importante função de desmentir a mídia corporativa, que de forma irresponsável afirma que os índios encontram-se armados para resistir à invasão da polícia. Segundo Carlos Tukano, cacique da Aldeia, a resistência se dará de forma pacífica.
A TV Memória Latina presta aqui todo o apoio aos índios da Aldeia Maracanã e, cumprindo nossa função de informar à sociedade sobre os verdadeiros fatos, continuará junto na resistência pacífica.





Gustavo Graça

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

PS: Pensei muito nas nossas aulas quando vi essa notícia. Podemos pensar muitas coisas com esses tipos de situações. Não posto isso com objetivo de criticar a ação policial pois os agentes reprodutores são tão influenciados por essa lógica de poder quanto a gente.
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Vídeo mostra confronto entre skatistas e guardas civis na Praça Roosevelt

Filmagem registra skatista recebendo gravata de um homem à paisana e GCMs fardados usando spray de pimenta para dispersar aglomeração (link para a notícia)


SÃO PAULO - A Praça Roosevelt foi palco de mais um conflito entre skatistas e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) na sexta-feira,4. Um vídeo que circula na internet mostra quando um homem sem farda - da GCM, segundo o autor da filmagem - dá uma gravata e agride os skatistas verbalmente. Até agora, o vídeo já teve mais de 257 mil visualizações. O presidente da Ação Local da Roosevelt, Jader Júnior, confirma que o conflito de fato aconteceu.

As imagens começam com um skatista recebendo uma gravata de um homem sem farda. De acordo com o autor do vídeo, o também skatista Eduardo Régis, o amigo foi agredido porque andava em cima de um banco da praça. Skatistas e ciclistas cercam os dois e, em protesto, gritam "isso está errado."

Com o objetivo de afastar os manifestantes, guardas civis usam spray de pimenta para espantá-los. O autor do vídeo é, inclusive, um dos atingidos pelo spray, lançado pelo suposto guarda que havia dado a gravata anteriormente.
O vídeo segue com um depoimento de Régis. De olhos vermelhos pelo spray ele diz: "Os GCM se acham no dever de tirar a gente da Roosevelt porque estamos andando de skate". Segundos depois o homem sem farda o interrompe e o agride verbalmente. Frases como "você é um vagabundo que só anda de skate" são ditas. Na conversa, o homem diz ainda que ele pode filmar, pois ele também têm imagens de skatistas jogando pedras contra os guardas.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana afirmou que "não tolera" condutas como a dos agentes envolvidos no incidente da Praça Roosevelt. De acordo com a administração, os responsáveis já foram identificados, afastados dos serviços externos e estão sendo ouvidos pela Corregedoria Geral da Guarda Civil Metropolitana, que informou que adotará as providências cabíveis. Segundo a secretaria, o homem que aparece à paisana também é um guarda e foi alvo das mesmas medidas.

Leandro Abreo